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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Recursos naturais = riqueza?

A propósito da notícia do Jornal de Negócios: http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/empresa_britanica_diz_ter_descoberto_jazidas_com_mil_milhoes_de_barris_de_petroleo_em_portugal.html -  (via Sábado) de que alegadamente uma empresa inglesa teria descoberto 6 jazidas de petróleo em Portugal uma pessoa conhecida perguntou-me o seguinte: “Assumindo que isto é verdade, daqui a quanto tempo é que poderiamos começar a exportar petróleo e gás? 1 / 2 anos?” (notícia que, não tendo eu mais elementos para avaliar e baseando-me apenas no que é descrito, me parece um pouco “bizarra”)
Confesso que a minha resposta (“uns quantos anos”) não foi a mais precisa (não tenho dados suficientes para fazer uma estimativa) mas a questão que me colocaram levanta uma questão ainda mais interessante.
Parece-me que a maior parte das pessoas está convencida de que se um país descobrir que tem recursos naturais abundantes passa imediatamente a ser rico. Nada poderia estar mais errado.
Naturalmente que se um país descobrir, com relativa certeza, que possui recursos naturais abundantes a economia desse mesmo país beneficia no curto prazo (efeito confiança nos mercados, investimento estrangeiro por parte de empresas que queiram abrir sucursais no país, capacidade de endividamento do país melhorada, etc...), mas os efeitos a longo prazo (i.e. a vantagem e o benefício económico da venda desses mesmos recursos naturais) demora muitos anos até se materializar.
Numa “infografia” um pouco básica mas ainda assim interessante (sendo marginal a diferença nos cálculos para outras infografias do mesmo género) a empresa Cairn Energy fornece uma “time-line” que pode ser consultada aqui: http://www.cairnenergy.com/index.asp?pageid=554
Naturalmente que a estimativa dos anos não é absoluta e difere muito consoante as variáveis aplicadas (país, profundidade, quantidade de dados sísmicos disponíveis, onshore/offshore), mas o que é interessante é a demonstração de que demora bastante tempo até se conseguir transformar recursos energéticos em “riqueza concreta” (por “riqueza concreta” estou a falar de receitas derivadas da venda/exportação desses mesmo recursos naturais).
A estes anos ainda há que juntar os anos prévios (a infografia parte do princípio de que já existem áreas de concessão delimitadas para concurso, o que só por si demora alguns anos a acontecer).
Para além do tempo que demora a explorar e produzir esses mesmos recursos naturais existe depois o problema das infra-estruturas necessárias para a exportação/venda desses mesmos recursos.
Num artigo extremamente interessante acerca do gás israelita (disponível emhttp://www.rigzone.com/news/article.asp?a_id=136433) são descritas com bastante rigor as dificuldades de se exportar o gás israelita tanto do ponto de vista operacional como político/diplomático. Recomendo vivamente a leitura deste artigo para se perceber todas as variantes e “nuances” políticas com as quais muitas vezes um país tem de lidar para conseguir pôr os seus recursos naturais no mercado internacional.
Como em tudo na vida, não basta ter os recursos, é preciso tempo e paciência para se conseguir traduzir essas potencialidades em ganhos efectivos.
 P.S. Aproveito para recomendar a nova “app” da RigZone que é excelente.

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